sábado, julho 1

Cultivando a Paciência Chinesa.

Nunca sei quando ser um cara tolerância zero ou quando ser um cara paciente. Tem vezes que eu me questiono qual seria a melhor atitude a tomar de acordo com a situação em tela.

A grande verdade é que, em qualquer universo profissional, existe hierarquia e existe antiguidade. Durante o vôo, prevalece a hierarquia, independente de antiguidade. Contudo, algumas figuras com mais de 50 anos de idade que ainda não se tocaram em aposentar e assistir o domingão do faustão com suas esposas velhas resolvem ignorar esse fato e se calçar na grande experiência da aviação para ficar esculachando os coitados que ainda estão aprendendo a dominar a aviação de jato, que demora muito ainda para ter os ajustes finos.

É evidente que a experiência de um cara muito voado - vamos dizer, com 30 anos de experiência em aviação - é sempre bem vinda. Mas a partir daí para te chamar de "garoto" dentro de uma cabine e para ficar ditando regras que eu já sei e para se mostrar a superioridade da experiência contra a hierarquização de cabine.

Nessa, eu tenho que aprender a cultivar uma paciência que as vezes eu não tenho. As vezes você tem que aturar pessoas infelizes que não sabem fazer nada além de reclamar e reclamar, e chegam a reclamar muito - mas MUITO. Pra quê?

Se a postura fosse diferente - o mais paternalista - de ensinar, com paciência, os detalhes da operação, sem se preocupar com a auto-afirmação da antigüidade ou com as pompas da experiência clarevidente que é utilizado somente para esculachar.

Eu ainda conto até vinte, porque amo muito meu trabalho. Mas vai ter uma hora que não vai dar pra segurar não.