quinta-feira, março 23

Congonhas x BRA

Essa história de superlotação de congonhas não chega a ser justificativa ou razão óbvia para o acidente da aeronave da BRA ontem na parte da tarde.

A título de conhecimento geral, é verdadeiro que os aeroportos Santos Dumont e Congonhas são, a nível de operação de ponte aérea, aeroportos críticos.

Contudo, uma justificativa de pista que não tem proteção quanto a água de chuva empoçada (A qual, na aviação, chamamos de /contaminated runway/) não exime a culpa dos operadores da BRA (não essencialmente os pilotos).

O que acontece é que, em operações críticas nesses tipos de aeroportos, quando a chuva chega a ser muito grande, e dependendo das condições da aeronave, basicamente não se recomenda a operação de pouso.

Aí, normalmente vem o operador, visando o lucro acima da segurança de vôo, e manda um ultimato: "pousa, ou você está na rua". Nem sempre essa opção é dada, dá-se, na realidade, uma coerção alternativa de pouso: Só coloca-se o combustível para a viagem, e não se abastece o extra do combustível para o vôo até o aeroporto de alternativa. Com isso, força-se um pouso em uma condição não favorável que, fatalmente, termina em algum acidente. Por pouco, não foi uma tragédia.

A AFA (Associação de Fofoqueiros Aeronautas) é bem clara em considerar a BRA uma empresa de pouco respeito e de pouca confiança a nível de segurança de vôo. Sabe-se que, como saiu no Ancelmo Góes de hoje, o presidente da BRA tira a comida dos tripulantes para dar para a família e, adicionalmente, fuma durante o vôo, demonstrando um total desrespeito à legislação federal Brasileira. Isso é, apenas, a ponta do Iceberg.

Para meus colegas que costumam pegar ponte aérea, não se assustem necessariamente com as operações de congonhas e Santos Dumont. A maioria das empresas de bandeira (VARIG, Gol, TAM) que visam o respeito dos princípios de segurança de vôo não cometem ou cometerão tais deslizes. Mas, devido a insatisfação dos funcionários desta empresa juntamente com a negligência e coercitividade dos atos operacionais da BRA, esse tipo de resultado passa a ser até mesmo inevitável.

É bom lembrar também que o operador não é o único culpado desse tipo de problema. As autoridades, por sua vez (entenda-se: DAC) fazem vista grossa quando a empresa é liderada por membros ou ex-membros de forças armadas. Aí a coisa vai se engatinhando até que... o desastre acaba ensinando as coisas.