terça-feira, fevereiro 28

Carnaval 13 anos depois.

Nunca fui um fã assíduo do carnaval.

Primeiramente pelo aspecto musical. Samba é muito ruim, apesar de ser uma identidade viva da cultura brasileira e, em especial, da cultura carioca. Mas morar no Rio de Janeiro implica necessariamente em absorver determinadas culturas e abstrair da existência delas em um certo momento do ano.

não há melhor momento para isso do que o Carnaval.

Lembro-me perfeitamente da minha infância, onde brincava na rua com nossos amigos. A barra ainda não tinha asfalto correto na sernambetiba... o canteiro central não era tão organizadinho cheio de palmeiras, não havia calçadão mas havia sim uns mangues mal cuidados. Os quiosques eram trailers velhos e nojentões, que detinham uma estrutura completamente despadronizada e cada trailer tinha uma área de abrangência proporcional ao tamanho do trailer... (aliás, lembro-me muito bem de, juntamente com uma galera, ter tentado colocar fogo em um desses trailers e um negão saiu correndo puto da vida jogando-nos pedras e querendo nos matar... mas enfim)

Sábado de carnaval estava correndo na praia, com uma certa dificuldade, pois em cada quiosque era um sambinha enredo da banda do (a) * (tal que * é um nome randômico engraçado de trocadilhos do carnaval), e isso prejudicava a performance ninja do meu iPod que tentava, sem muito sucesso, tocar os houses que eu tinha acabado de gravar no Audacity para meu deleite musical-espiritual durante meu exercício vespertino. Além disso, a muvuca me obrigava a andar devagar, desviando dos bêbados sem noção e da gente feia que se acabava naquela curiosa idéia linda e maravilhosa de "folia".

Eis que, chegando próximo ao Golden Green (na realidade, estava no través do posto BR/padaria da alegria), eu vejo uma carreata muito modesta de pederastas malucos vestido de mulher com máscaras que, ao me ver correndo (já não havia tanto ziriguiduns em quiosques quanto eu imaginava), resolveram me dar uma zoadinha. Uma bicha gorda qualquer, vestida de uma lingerie da vovó mafalda, resolveu dar uns pulinhos em minha direção, e infelizmente eu tive que olhar, para não arriscar dar uma trombada no dito cujo que detinha problemas sexuais graves.

Ato contínuo, ao passar o cara, ele resolveu me acompanhar, e com aquela voz afeminada (e nisso, o iPod bombando de volume no máximo), resolveu gritar, histericamente "DEIXA EU OUVIR??" - eu tive que sorrir, não deu - "AH DEIXA EU OUVIR VAI!!!". Continuei sorrindo, mas não parei, continuei correndo, apostando que a bicha não ia correr mais do que eu uma jarda de 100 metros rasos. De repente a bicha desistiu e voltou para a manada de veadinhos que se direcionava a um quiosque para zoar pessoas de família sentadas naquelas cadeiras plásticas tomando uma cervejinha em um copo de requeijão com uma travessa de batata frita de óleo velho da manhã inteira.

Ah sim... é bom lembrarmos que esse tipo de acontecimento já havia ocorrido comigo há uns 13 anos atrás, num carnaval desses aí, quando a Barra mal era Barra, e o máximo de condomínio que havia era o 3100 e o Barramares (que era uma cidade em si só). Havia, também, esses trailers (atuais quiosques), mas o importante é que eu tinha uma bicicleta da Monark azul, com rodas VERMELHAS. E com esta bicicleta eu resolvi ir na avenida sernambetiba, em sua antiga configuração (sem calçadão nem nada), e eu vi um protótipo de trio elétrico da época, com um bando de viadinho dançando, vestido com lingeries femininas. Ao andar de bicicleta no meio da muvucada, um personagem similar ao que correu comigo na praia segurou no guidon, deu um grito histérico, caiu no asfalto estrebuchando e gritou "AHHHHHHHH ELE ME MATOUUUUUUUU". Obviamente, naquela época, embevecido de inocência em meu espírito (pero no tanto), achei aquilo uma tremenda babaquice assustadora (passou a ser babaquice depois que eu evolui espiritualmente).

Nisso, começo a pensar que realmente ha um grande problema com a humanidade no carnaval. E nisso desenvolvo tais pensamentos, a saber:

1) Eu não concebo uma pessoa do sexo masculino, em sã consciência - considerando que o cara não tem desvios sexuais - se vestir de mulher, seguir uma mulambada de um lado de um carro de som, e ficar dando uma de aloprado com as pessoas, de forma aleatória e impensada. Ainda mais comigo, que não tenho nada a ver com essa merda chamada Carnaval e que, se eu pudesse, trabalhava no carnaval até morrer e encher minha conta bancária de dinheiro.

2) Em um certo momento, se um cara desses se demonstra ser uma pessoa normal apenas orientado culturalmente para a brincadeira do carnaval, fico imaginando se meus amigos mais próximos - Jayzon, Rodrigo e talvez o Robert - fossem pessoas que fizessem esse tipo de coisa em trios elétricos carnavalescos. Ora, o Jayson vestido com um Bikini da Carla ia ser uma imagem assustadora. O Rodrigo com uma camisola de seda talvez fosse algo que causasse um impacto menor... Já o Robert, deixa pra lá. Não quero nem pensar.

3) Se o ser humano tem essa tendência de aloprar no carnaval, não seria mais lógico todos aloprarem um pouco durante determinadas épocas durante um ano, de uma forma mais distribuida? Isso seria o ideal, obviamente ignorando o fato de ter que ouvir samba durante 5 dias sem parar, terminando isso tudo no desfile das campeãs.

Eu acho é que eu vou ligar o som, e ser do contra, em termos musicais, que é o máximo que eu posso fazer.

1 Comments:

At 2/3/06 12:11 PM, Blogger Digo não Digo said...

Hahaheoiaheea Acho que no fundo, no fundo ... bicholas de lado ... você sente saudades da sua MONARK!

 

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